É melhor não sobrar
A expressão permeia todas as classes sociais, ao fim
de uma refeição onde boa parte do que foi servido irá
para o lixo: “É melhor sobrar do que faltar!”, justificam
os cozinheiros que erraram o cálculo (invariavelmente
para mais, sob o risco de passarem vexame diante dos
convidados). O problema é que sobra muita comida na
mesa brasileira, enquanto também falta para muitos.
Uma pesquisa realizada em 2019 pela Embrapa, em
parceria com a Fundação Getúlio Vargas, estimou em
130 quilos anuais o quanto uma família média brasileira
joga fora de comida processada, ou de sobras não
aproveitadas. Esse desperdício dá uma média de 41,6
quilos por pessoa. Entre os produtos mais descartados
estão os mais consumidos: arroz (22%), carne bovina
(20%), feijão (16%) e frango (15%).
Para efeito de comparação, esse desperdício significa
semanalmente o descarte de aproximadamente 2,4 quilos
por domicílio. Pesquisa semelhante feita na Europa
revelou que na Alemanha, por exemplo, cada família joga
fora 439 gramas nesse mesmo período. Ou seja, o Brasil,
sendo um país onde 22% da população enfrenta algum
nível de insegurança alimentar, tem um longo caminho a
aprender em relação a como usar mais, e melhor, aquilo
que planta e come.